Sem apoio de Casino e BNDES, fusão do Pão de Açúcar é suspensa
Proposta previa união da varejista brasileira com o Carrefour.
Apesar da suspensão, fundo Gama diz 'reiterar confiança na proposta'.
notícias da fusão nesta terça
A proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour foi suspensa por tempo indeterminado, segundo anúncio feito na noite desta terça-feira (12) pelo fundo Gama, responsável pela oferta de fusão apoiada pelo empresário Abilio Diniz.O anúncio do Gama, que pertence ao banco BTG Pactual, ocorreu por volta das 19h45, pouco depois de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgar que não financiará a operação.
As notas de Gama e BNDES foram divulgadas separadamente. Ambas citam como razão para a decisão o anúncio feito de manhã pelo grupo francês Casino de que se mantém contra a fusão. O grupo Casino é o principal sócio de Abilio Diniz no Pão de Açúcar no Brasil. Na França, o Casino é rival do Carrefour.
A proposta de fusão foi apresentada ao Carrefour em junho pela Gama, que pertence ao BTG Pactual, do investidor André Esteves, e previa o apoio financeiro do BNDES. Na ocasião, o banco informou que tinha enquadrado para análise uma operação de valor equivalente a até 2 bilhões de euros (o equivalente a R$ 4,5 bilhões).
Pela proposta apresentada ao Carrefour, o BNDESpar, braço de investimento do banco estatal, entraria com R$ 3,91 bilhões no negócio e o BTG Pactual com R$ 690 milhões. Ambos se tornariam sócios do Pão de Açúcar.
Desde o anúncio das negociações, o Casino critica o fato de Abilio Diniz ter iniciado as dicusões sem ter sido comunicado. O Casino destaca que comprou em 2005 o direito a ter o controle do Pão de Açúcar a partir de 2012 e afirma que "não abrirá mão deste direito". A fusão com o Carrefour é vista pelo grupo francês como uma tentativa de Diniz de tentar manter o controle do Pão de Açúcar.
Recusa do Casino
Pela manhã, o Casino afirmou, por meio de nota, que a proposta de unir as operações do Carrefour no Brasil às do Pão de Açúcar é contrária aos interesses da varejista brasileira e dos acionistas.
O conselho de administração do Casino, grupo que divide o controle do Pão de Açúcar com o empresário Abilio Diniz, também considerou que a estimativa de sinergias (economias) provenientes da fusão foram 'fortemente superestimadas', com riscos de execução significativos.
Em reunião nesta terça-feira, o conselho votou de forma unânime contra a operação, apoiada por Diniz, que não participou da votação. Diniz se reuniu com o conselho de administração do Casino nesta terça-feira, em Paris, quando reafirmou seu apoio à transação, segundo o grupo francês.
Na bolsa de valores da França, a recusa foi vista como positiva para o Casino, cujas ações fecharam em alta de 0,14%. Já os papéis do Carrefour, que enfrenta dificuldades, tiveram queda de 2,68%. Na bolsa brasileira, as ações do Grupo Pão de Açúcar também foram afetadas, com as preferenciais fechando em baixa de 1,96%.
BNDES
Com a recusa à operação pelo Casino, o BNDES retirou seu apoio à fusão. Pela proposta inicial apresentada, o BNDESpar, braço de investimento do banco estatal, entraria com R$ 3,91 bilhões no negócio.
Em comunicado, o BNDES disse que "cancelou o enquadramento da operação solicitada" em função do "não atendimento às condições estabelecidas". "Como reiterado em diversas oportunidades, o pressuposto da eventual participação da BNDESpar nesta operação era o entendimento entre todas as partes envolvidas", destacou o comunicado.
De início, o BNDES defendeu a operação, afirmando que o negócio tinha "alto potencial de criação de valor para todas as partes envolvidas".
Em seu último comunicado sobre o assunto, no dia 1º de julho, o banco destacou que o apoio ao projeto dependia do "entendimento amigável entre todos os atores privados".
Proposta é suspensa
Também no início da noite, o Gama, pertencente ao BTG Pactual, do investidor Andre Esteves, informou que suspendeu temporariamente a proposta de fusão entre as duas varejistas. A proposta fora apresentada ao Carrefour no dia 28 de junho pela Gama.
Em comunicado, o Gama reitera a confiança na proposta, que classifica como "oportunidade excepcional" para ambos os grupos, com "enorme potencial de crescimento" para o Grupo Pão de Açúcar. Além disso, o grupo destaca que a proposta de fusão apresentada pelo fundo ao Carrefour foi sempre "amigável, sujeita à aprovação dos acionistas".
'Não é factível prosseguir', diz empresa de Diniz
Após o recuo do BNDES e a suspensão da proposta, a Península, empresa que centraliza os negócios da família Diniz, reconheceu nesta terça-feira em comunicado que, nas presentes condições, "não é factível prosseguir" com a proposta de fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour.
"Península está convencida de que o Conselho de Administração do Casino não analisou devidamente todos os aspectos da proposta. A decisão unilateral do Casino é, portanto, profundamente lamentável", informou o comunicado.
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